segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Para Refletir: Corporativismo

Pra ser bem claro, o que me motivou a escrever sobre esse assunto foi uma entrevista do Jorge Rabello, presidente da Comissão de Árbitros de Futebol do Rio de Janeiro, concedida ao Washington Rodrigues no programa Show do Apolinho na Super Rádio Tupi na tarde desta segunda - feira. Questionado sobre a atuação do árbitro Gutemberg de Paula Fonseca no clássico de ontem entre Fluminense e Botafogo, o manda-chuva da arbitragem se prontificou a inocentar rapidamente seu "associado" e falar com um dialeto prolíxico e arrogante de colocar os mais nobre juízes de direito e desembargadores no "chinelo". Esse é o chamado "corporativismo". Antes sempre relacionado a profissões nobres como medicina, direito e engenharia, onde primeiro se inocenta o "colega" e depois se pensa na possibilidade de alguma punição administrativa, o corporativismo chegou em todas as profissões, todos os segmentos da sociedade. Todos tem alguém a defender e inocentar.
Só pra lembrar a polêmica do jogo de futebol: o juiz expulsa 2 jogadores, um de cada time, sofre pressão de todos os outros jogadores e técnicos, marca 2 pênaltis seguidos favoráveis ao Botafogo, sendo o 2o muito discutível, tem a "informação" no vestiário de um erro "pró"-Fluminense e se sente pressionado a compensar para o Botafogo e pronto: a arrogância típica de quem tem poder mas não deveria ter o direito de exercê-lo se aflora. Ameaças aos jogadores e muitos cartões amarelos são distribuídos.
Convenhamos! Com esse brevíssimo resumo, qualquer um diria que a atuação do "homem de preto" no jogo foi, no mínimo, equivocada, preocupante. Não para o "chefe" Jorge Rabello que informou na entrevista à rádio que o árbitro foi PERFEITO técnicamente, pois o lance do pênalti é de "interpretação". Ora bolas. Interpretação é a desculpa dada para aliviar a barra dos árbitros, onde nunca ele estará errado, pois uma interpretação não tem certo ou errado.
Outro caso de corporativismo visto hoje foi em uma confusão entre integrantes da Portela no incêndio na Cidade do Samba. O ocorrido: uma confusão generalizada entre portelenses que queriam entrar no barracão em cinzas, guardas municipais e policias envolvidos no empurra-empurra e pronto: lá vai gás de pimenta disárado como se fosse um perfume francês em cima dos envolvidos e de jornalistas e câmeras que registravam a confusão. Diante desse caos instaurado, surge do nada um policial do Batalhão de Choque (!!!!) e dá, de maneira mais atabalhoada possível, voz de prisão ao segurança do presidente da Portela. Um cara muito maior que o policial que sem preparo nenhum tenta 2 vezes retirar sua arma para "deter" o homem da Portela. Nada mais desastroso. Uma reação despreparada e desproporcional do policial. Arma? Pra que arma? Tenho certeza que na Acadepol não se ensina a "contenção de tumulto" a puxar atabalhoadamente uma arma no meio de pessoas atordoadas pelo spray de pimenta. E se o rapaz da Portela não fica calmo e deixa ser "algemado" (o policial não conseguiu algemá-lo)? E se tem um tiro acidental? Mas, claro. O corporativismo não deixa que esse policial seja questionado. Porque ele é a "AUTORIDADE" instituída no local.
Então, fica o tema: Até que ponto ser da mesma "classe" é importante para o bom andamento do sistema?





Samba Atravessado


Há exatos 29 dias do Carnaval, a semana começou muito mal para 3 locais de muita tradição no samba (Madureira, Ilha do Governador e Duque de Caxias) e para todos os cariocas que, por mais que não curtem a batida e o ziriguidum de Rei Momo, acabam por se sensibilizar com um incêndio de tamanha proporção.
Por volta das 7h da manhã desta segunda-feira o fogo começou na Cidade do Samba, destruindo aproximadamente 8 mil fantasias de Portela, União da Ilha e Grande Rio nos 3 barracões das escolas de samba e ainda o barracão da Liga Independente das Escolas de Samba - LIESA, usado em projetos sociais.
Um prejuízo financeiro de aproximadamente R$ 8.000.000,00 mas principalmente, a decepção e a tristeza do ano jogado fora, dados administrativos e o sonho do título indo pro lixo. Ou melhor sendo cremado em alta combustão.
Muitas perguntas serão feitas. Muitas respostas serão vagas e não acalmarão os corações apertados dos componentes, integrantes e das comunidades das escolas de samba onde o samba não são apenas os cinco, seis dias de folia. É a própria essência. A vida!
Mas, como essas comunidades, na maioria dos casos muito sofrida sempre nos ensina: Tudo pode ter um lado positivo. Nesse caso, Portela, União da Ilha e Grande Rio terão a grande oportunidade de mostrar ao Mundo a essência do carnaval. Mas do que ganhar e competir, o importante sempre será demonstrar a sua alegria, felicidade e samba no pé, retornando ao período do "amadorismo" de outrora onde as fantasias e alegorias luxuosas estavam apenas no imaginários dos sonhadores e o que ganhava mesmo o carnaval era o samba no chão e a comunidade guerreira cantando o samba.

domingo, 6 de fevereiro de 2011


Neste domingo, Fluminense e Botafogo fizeram um belíssimo clássico, completando a 6ª rodada da Taça Guanabara, o 1º turno do Campeonato Carioca. Com os dois times praticamente classificados para as semi-finais o público não foi digno de um clássico tão tradicional e importante no cenário carioca e brasileiro. Assim, as atenções se voltaram para os dois artilheiros, Fred e “Loco” Abreu e para a definição de quem ficaria com a primeira colocação no Grupo B, “fugindo” assim de um confronto imediato com o Flamengo, de Ronaldinho Gaúcho.

O jogo que começou morno, logo pegou fogo com um belo gol de falta de Renato Cajá, o camisa 10 alvinegro. E pouco tempo depois, o mesmo Cajá bateu outra falta que passou raspando a meta tricolor. Pelo Fluminense, a novidade era Rafael Moura, que vai substituir Fred na estréia da Fluminense na Copa Santander Libertadores 2011. E a novidade se fez presente rapidamente, empatando e virando o placar favoravelmente ao Tricolor das Laranjeiras. Além dos três gols no primeiro tempo, o juiz Gutemberg de Paula começou a roubar a cena do clássico, expulsando Valência, pelo Fluminense e Marcelo Mattos, pelo Botafogo, em clara compensação numérica. O detalhe no caso da expulsão do jogador tricolor foi o fato do uruguaio “Loco” Abreu, do Botafogo, discutir asperamente com o árbitro e quase bater no juiz, recebendo apenas o cartão amarelo.

No segundo tempo, o trio de arbitragem se mostrou ainda mais confuso. Isto porque o Botafogo sofreu um pênalti desperdiçado por “Loco” Abreu, batendo de “cavadinha” e o juiz no lance seguinte dando outro pênalti favorável ao Glorioso, gerando revolta geral nos jogadores tricolores. Para “acalmar” os tricolores, o árbitro passou a distribuir cartões amarelos aos “guerreiros” tricolores deixando-os completamente fora de combate. Aproveitando a irritação tricolor, Renato Cajá deu excelente passe para o argentino Herrera, no meio da zaga tricolor, virando novamente a partida, agora favoravelmente ao Botafogo. A partir daí, quem tomou conta do jogo foi o brilhante goleiro Jeferson do Botafogo. Pegou tudo e deu números finais ao clássico “Vovô”.

Agora, o Botafogo é o líder do Grupo B e faltando apenas uma rodada para o fim da fase de grupos da Taça Guanabara, fica muito perto de pegar o segundo colocado do Grupo A, que com certeza não será o Flamengo. Já para o Fluminense, resta se preparar para uma sequência de batalhas: quarta feira estréia no grupo da morte da Copa Libertadores 2011 contra o Argentinos Juniors, da Argentina, no Estádio Olímpíco João Havelange e já começa a pensar mais seriamente em como parar Ronaldinho Gaúcho e companhia na semi-final da Taça Guanabara.


Neste domingo, o Rio de Janeiro - poder público, forças policias e sociedade em geral, deu mais um passo na luta contra traficantes e o poder paralelo dominante nas comunidades carentes do estado. Em uma ação que iniciou ainda no início da manhã e contou com 850 agentes da polícia civil, blindados da Marinha do Brasil, 48 pontos de 9 favelas dos bairros do Estácio, Santa Teresa e Catumbi, no Centro do Rio foram tomados em menos de duas horas e trouxeram muita esperança de uma nova vida para aproximadamente 40 mil pessoas.

Com a implantação de mais uma UPP – Unidade de Polícia Pacificadora, o poder público do Rio de Janeiro dá mais um passo contra o narcotráfico no estado, avançando contra favelas do Centro, completando um perímetro de domínio da facção Comando Vermelho. Essa facção vem perdendo muita força com a política de segurança do Governador Sérgio Cabral Filho, que já “pacificou” as favelas da Zona Sul do Rio de Janeiro, duas da Zona Oeste e toda a área da Tijuca , além da invasão épica da fortaleza do tráfico no Complexo da Penha e do Alemão, no final do ano passado.

Essa política de segurança do Rio de Janeiro faz parte de uma política de integração das forças de segurança do Estado e da União Federal. Aliado a ocupação policial, as chamadas “UPPs Sociais” trazem a sensação de fazer novamente parte da sociedade como um todo e o outrora cidadão marginalizado e excluído, agora pode se sentir incluído.

As batalhas são muitas e a guerra contra o tráfico está longe de terminar, porque a polícia expulsa, mas as políticas sociais e includentes fazem com que o exército do tráfico não tenha uma renovação natural. Somente através de educação, saúde, emprego etc os jovens dessas comunidades carentes poderão vislumbrar um caminho digno e dentro das leis da sociedade civil constituída.