quinta-feira, 23 de abril de 2009

Saúde Pública = Caso de Polícia

O blog " A Folha Carioca" tem o intuito e a missão de procurar sempre expor e comentar os eventos e notícias mais importantes e relevantes para as sociedades do Rio de Janeiro, do Brasil e do Mundo. Assim, através de um email que recebi, acredito estar fazendo um bem à sociedade, repassando este email que recebi para o blog com o intuito de alertar para o descaso com que a saúde no Brasil é tratada. Há algumas postagens atrás, descrevi o descaso com que eu mesmo passei em um hospital público. Desta vez, a falta de humanidade e preparo é na rede particular, em um dos hospitais de maior nome e prestígio do Rio de janeiro. Abaixo, segue a carta de uma mãe que perdera um filho devido ao mau cuidado da equipe de plantão do hospital à ouvidoria da rede:

"À Ouvidoria do Hospital Barra D'or


A/C - Sr. CAIO MENDONÇA
Assunto:      Referente ao paciente CARLOS ANDRÉ MENDES DE MELO MOURA
                  Data de nascimento: 09/03/76
                  Data de entrada: 15/01/09
                  Data de saída,  MORTO : 25/01/2009
MAIS DO QUE UM GRITO DE ALERTA,
ESTE É UM GRITO DE DOR.
               Há exatamente dois meses, perdi meu filho Carlos André
vitimado por uma infecção intestinal, sim, mas também morto pela
negligência e descaso de alguns médicos e membros da equipe de
enfermagem desse hospital.
Ainda não refeita da dor pela perda irreparável do um
filho, venho por meio dessa carta denunciar o descaso com que vidas e
mais vidas estão sendo perdidas nessa unidade que, há bom pouco tempo,
era um centro de referência médica na Barra da Tijuca.
               Refiro a vidas e mais vidas perdidas, porque resido na
Barra da tijuca e no meio social em que vivo, ao relatar o caso do meu
filho Carlos André, estarrecida, constato que muitas pessoas tiveram em
suas próprias famílias ou conhecidos, casos de falecimentos ocasionados
pelo mal, negligente e irresponsável atendimento  prestado por essa
unidade de saúde.
Resumo dos Fatos:
- Entrada no Hospital Barra dia 15.01.09, por volta das 19hs
- Feita a triagem, meu filho foi posto no soro, recebeu remédio para
dor, pois estava com constipação intestinal e fortíssimas dores
abdominais.
- Colheram o sangue e urina para exames
- Decorrida mais ou menos 1h, tornaram a recolher sangue novamente,
porque a primeira coleta havia sido extraviada.
- Somente 3hs depois da nossa chegada, após eu haver feito várias
reclamações na recepção é que encaminharam Carlos André para realizar
uma tomografia abdominal. A assistência social declarou que o hospital
só tinha dois tomógrafos e que os pacientes mais graves tinham
prioridade. E o meu filho, não era grave?  Ele precisava desmaiar de dor
para ser atendido?  Exijo explicações.
- Feita a tomografia, quando o Sr. Paulo José, digo isso porque essa
pessoa não se qualifica para usar o título de Doutor, informou a mim e
ao meu irmão, que também é médico, que Carlos André apresentava líquido
no abdômen, sem visualizar nenhum tumor, declarou: "Não estou muito
eufórico para abrir a barriga dele não"
- A seguir meu filho foi encaminhado para um leito da emergência, onde
ficou com soro, sentindo muita dor. Com o passar das horas, seu abdômen
foi distendendo mais e mais.
- Perto da meia noite, chamei o Sr. Paulo José para vê-lo e este Senhor,
displicentemente, apalpou a barriga do meu filho e disse que iria pedir
mais remédio para dor, que demorou demais para vir.
- Antes das 2hs da madrugada, subi para assinar os papéis da internação
(Bradesco Saúde).
- Quando desci ao encontro do meu filho, que se contorcia de dor,
observei que a pressão dele estava 7:55 - 5:50. Chamei novamente o Sr.
Paulo José.  Os médicos que estavam com ele (um calvo também chamado
Paulo e um outro, que eu não sei o nome), riam ,caçoando dele,
considerando que eu estava atenta o tempo todo e exigia atenção ao
estado do meu ilho, que estava se agravando.
- É importante frisar que quem deveria também estar atenta, vigilante ao
meu filho - único paciente na emergência àquela hora - era a Dra. Carol,
que também não estava se sentindo bem (?).
- A seguir, meu filho teve ânsias de vômito. Chamei o técnico de
enfermagem Thiago, que estava há 45min falando ao telefone fixo no
balcão da sala de vidro,ao lado da sala de vidro, onde estavam os 4
"médicos."
- Não deu tempo do auxiliar de enfermagem desligar o telefone e atender
meu filho que vomitou em si próprio, na cama e no chão.
- O cheiro do vômito era insuportável. Já era MATÉRIA FECAL e eu não
sabia. O próprio Auxiliar de Enfermagem disse para mim - "Não tem cheiro
de vômito".
- Pedi para o auxiliar chamar um dos QUATRO "médicos" que estavam de
plantão naquela madrugada (16.01.09). O auxiliar não chamou.
-Colheu mais um pouco de vômito, que meu filho continuava a expelir, em
uma vasilha de inox, que eu pensei que seria mostrada aos "médicos", e
despejou no vaso sanitário, dando descarga.
- Diante daquele absurdo e da inércia daqueles 4 "médicos" (Dra. Carol
continuava se sentindo mal) eu desabafei com o técnico de enfermagem que
"apareceu".  Desabafei dizendo que era impossível tudo aquilo estar
acontecendo a menos de 2m da sala de vidro e nenhum dos médicos se
dignar a socorrer o meu filho.
   ESTE FOI O PRIMEIRO EPISÓDIO DE VÔMITO FECAL. Antes, o abdômen
estava superdistendido e NINGUÉM  determinou que fosse passada a
SONDANASOGÁSTRICA.
Começava a viagem do meu filho para a morte.
-Fomos para o CTI 1 (por volta das 2hs da madrugada), recebidos pelo Dr.
Leonardo Diamante que continuou fazendo a coleta de sangue.
- Decorrido algum tempo, 02 enfermeiras tentaram passar a sonda
nasogástrica e não conseguiram. O médico deveria ter sido avisado  -
NÃO FOI.
- Perto de 8hs, calculo eu, na troca do plantão da enfermagem, o
enfermeiro ou o auxiliar de enfermagem Anderson conseguiu passar a
sonda, que a esta altura, provocou um vômito mais fétido do que o
primeiro ocorrido na emergência.
- Neste instante, apareceu certa Dra. Alessandra, que falou em "traqueo"
e finalmente determinou que meu filho fosse "entubado", pois já estava
com a "respiração descompassada".
__ESTE FOI O SEGUNDO EPISÓDIO DE VÔMITO FECAL
- Pediram para eu me retirar, me retirei. Antes de sair, disse ao meu
filho: - "Fique firme, a mãe está ali fora", apertei bem a sua mão e
saí.
- Carlos André bronco aspirou matéria fecal.
- Foi entubado.
-Horas depois, Dr. Marcelo comunicou a mim e a minha filha que o Carlos
André estava muito mal, que morreria se não fosse operado mas que também
corria risco de morrer durante a cirurgia.
- Ao final da tarde foi operado pela equipe do Dr. Flávio Malcher, já em
choque séptico.
- O Dr. Flávio Malcher colocou a mim e à minha família a par da
SERIEDADE do estado do meu filho, mencionando os dois episódios de
vômito fecal. Eu o interrompi e declarei que o primeiro "episódio" de
VÔMITO FECAL foi na emergência e não fizeram NADA.
- Relembrei ao chefe da equipe de cirurgia, da qual o Sr. Paulo José faz
parte, que esse senhor havia dito horas antes, repito, que não estava "
EUFÓRICO" para abrir a barriga do meu filho.
E agora, faria parte da equipe quando não foi capaz de tomar as medidas
urgentes e necessárias no leito de emergência?
- Verifiquem o plantão e as entradas e saídas dos leitos da emergência.
CARLOS ANDRÉ era o único paciente por volta daquela hora crucial e
nenhum "DOUTOR" fez NADA.   Só conversavam animadamente !
- Com a cirurgia realizada em condições seríssimas, continuava a ser
traçado o fim da vida do meu amado filho.
- Permaneci diariamente com o meu filho, acompanhando no CTI sua "Via
Crucis", durante dez dias. Depois, desespero e fim.
Tudo isso dito, resta evidenciar:
- Meu respeito e gratidão aos médicos Leonardo Diamante, Marcelo e
Gustavo e às operadoras das máquinas de hemodiálise (sempre atentas)-
- Repudio a atuação da equipe de enfermagem que tagarelava ao verificar
os aparelhos ligados ao meu filho;
  Não efetuava a troca do curativo, no tempo das 12hs do
plantão,deixando cada qual a tarefa para o plantão seguinte;
  Não observavam quando o sangue parava de correr;
  Não agilizavam a chegada do gelo que deveria vir da copa (?) e
enquato isso meu filho ardia em febre;
Não posicionavam a sonda gástrica corretamente( pós cirurgia)
permitndi assim, que um líquido verde escorresse pelo canto da boca do
meu filho
  , sujando e contaminando a gaze da traqueostomia;
  Diante de tudo isso eu solicitava providências que só vinham a ser
tomadas nos plantões seguintes, portanto tardias e inoperantes.
-  No dia 24/01 saí do hospital completamente arrasada porque vi meu
filho inteiramente indefeso diante de tanto descaso.
   Enfim, no dia 25 de Janeiro, Domingo, meu filho partiu e eu fiquei
envolta em dor.
   E é esse grito de dor que hoje , dois meses depois, eu quero fazer
ecoar bem alto para que os responsáveis por sua morte sejam localizados
   e efetivamente punidos.
- Chega de omissões.
- Chega de equipes jovens demais.
- Chega de equipes sobrecarregadas ( enfermagem) com plantões subumanos,
cumulados com o de outros hospitais.
Solicito os exames de tomografia, histopatológico do material retirado
do abdômen e cópia dos prontuários.
 Eu não perdi uma ilusão mental, nem tive fracasso em um negócio.
Eu perdi um filho, vítima da incompetência e da desumanidade de alguns
profissionais que deveriam honrar a profissão que escolheram.
Peço e aguardo as providências cabíveis.
Eunice Mendes de Melo Moura
Rio de Janeiro, 25 de março de 2009"

7 comentários:

  1. Recebi um email falando desse caso e resolvi procurar na internet. Meu filho vai fazer uma cirurgia dia 30/04/09 no Barra dor. Eu ja estava super preocupada agora ao acabar de ler essa materia fiquei mais insegura.

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  2. Olá Marcia,
    como disse na postagem, a intenção do blog é expor à sociedade os fatos importantes e quando li esse email, resolvi postar apenas pelo fato de ter criticado anteriormente uma instituião de saúde pública antes e agora mostrar que as instituições particulares também tem seus defeitos.
    Enfim, espero que tudo corra bem com seu filho e que você esteja atenta e pronta a cobrar sempre e em todas as esferas os seus direitos.
    Grande abraço,
    Alexandre

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  3. RECEBI TB ESTE EMAIL E RESOLVI PESQUISAR PARA VER SUA AUTENTICIDADE, QUANDO FUI DIRECIONADA PARA SEU BLOG.
    FIQUEI TRISTE PELA PERDA DESSA SENHORA E POR POUCO TAMBÉM NÃO FUI VITIMA DA REDE DOR.
    EM NOVEMBRO DE 2007 QD FUI VISITAR MINHA FAMÍLIA NO RJ, PASSEI MAL E FUI COM MINHA IRMÃ E MEU CUNHADO AO QUINTA DOR, FIZ EXAMES E A MÉDICA CONCLUI QUE EU ESTAVA GRAVIDA JÁ QUE O EXAME DE SANGUE APRESENTAVA POSITIVO, MAS ELA SE MOSTROU CONFUSA AO AFIRMAR QUE NA ULTRASONOGRAFIA, NÃO APRESENTAVA SACO FETAL, ASSIM NÃO PODENDO REALMENTE AFIRMAR QUE EU ESTAVA GRAVIDA!?!
    COMO ASSIM? QUESTIONEI E A MINHA RESPOSTA FOI QUE TERIA QUE REPETIR O EXAME EM UMA SEMANA, JÁ QUE APESAR DE O EXAME MOSTRAR TAXA DE 8 A 12 SEMANAS DE GRAVIDEZ, ELA NÃO VIU O FETO E PODERIA AINDA ESTAR NO COMEÇO DA GRAVIDEZ!?!
    RESULTADO: 2 DIAS APÓS ESTE FATO, COM DORES FORTISSIMAS FUI A UMA CLINICA PARTICULAR QUE REVELOU-ME QUE EU ESTAVA COM UMA GRAVIDEZ ECTÓPICA (TUBARIA)E MINHA TROMPA ESTAVA MUITO DISTENDIDA, O QUE A QUALQUER MOMENTO PODERIA SE ROMPER E MEU QUADRO SE COMPLICAR PODENDO ATÉ ME LEVAR A MORTE.
    NÃ ACREDITEI QUE PASSEI POR TANTOS EXAMES E A MÉDICA NÃO COGITOU ESTA POSSIBILIDADE!!! CADÊ SUA EXPERIENCIA MÉDICA? CADÊ A PREOCUPAÇÃO DE DAR UM RESULTADO COMPLETO?
    PORTANTO, NÃO SUPORTANDO A DOR, NA MANHÃ SEGUINTE, FUI INTERNADA E OPERADA DE EMERGÊNCIA, PERDI MEU BEBÊ DE MAIS DE 2 MESES E MINHA TROMPA, ACABEI NÃO TOMANDO NENHUMA MEDIDA JUDICIAL, MAS ACREDITO QUE ISSO TAMBÉM SIRVA DE ALERTA PARA OUTRAS MULHERES, QUE COMO EU, NA SUA PRIMEIRA GRAVIDEZ, NÃO SABIA O QUE ESTAVA SE PASSANDO E ACREDITEI NUMA MÉDICA TOTALMENTE INEXPERIENTE E FUI POSTA A PROVA DA INCOMPETENCIA DE UMA MÉDICA DA REDE DOR.
    NÃO PODEMOS JULGAR TODOS OS MÉDICOS POR ALGUNS QUE NÃO MERECEM USAR O JALECO QUE VESTEM, MAS DEVEMOS SIM EXIGIR UM TRATAMENTO DIGNO DAQUELES QUE SE PROPÕEM A CUIDAR DE UMA VIDA.

    QUE ESTA SENHORA ENCONTRE SUA PAZ DE ESPÍRITO E MEUS SENTIMENTOS POR SUA PERDA.

    DENISE BRITTO

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  4. Sei não, sei não! História meio mal contada!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Sra. Eunice, boa tarde!
    Eu recebi o seu e-mail e, como a pessoa que relatou a gravidez tubária, eu também pesquisei no google a veracidade da informação.
    Eu só tenho a lamentar o que aconteceu com seu filho, a perda de um filho ou familiar muito próximo não tem reparação, é dor, dor e dor.

    Eu li um e-mail enviado por outra mãe que seu filho levou um tombo e quebrou o braço, com fratura exposta a mãe foi a esse hospital e o tratamento foi o pior possível, ela só conseguiu atendimento adequado no Hospital Público da Barra o Lourenço Jorge.
    Situações como a sua e da outra mãe devem ser expostas sim, temos que exigir dessas insituições decência no atendimento, eles só querem ter fama de que estão em bairros privilegiados e no entanto prestam um péssimo serviço, levando pessoas à morte, isso é desumano!!
    Aceite o meu sentimento pelo ocorrido.

    um abraço,
    Clarice

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